quinta-feira, 6 de março de 2014



Para Henrique Lijó,

Peço por ti nunca sentires o que eu sinto, mas dalguma vez caeres com tal violência também peço teres quem cair contigo.

A empatia? 
Não sei com certeza o que é a empatia.
A capacidade de se pôr na pele doutro, ou como disse São Paulo, o chorar pelos que chorem.
Mas sei certamente o que é a dor.
Perguntar-te porque florescem as mimosas, porque continua o dia, porque estão ai as lavercas e volve ser primavera.
Dor é sentir a carga pesarosa dessa dívida que te obriga a viver por dois, amar por dois, gozar por dois, saber da aussência do olvido e conhecer do profundo silêncio de ver risas mas não ouvi-las,  enfadar-te com o céu por ser azul ou não suportar a alegria.
É mesmo quando confessas (num arranque de egoismo ou valentia) a qualquer Deus em quem não acreditas que darias pela sua a metade da tua vida.
E de repente, um coração que se abre como a primeira magnólia para conhecer da dor em palavras, vendo em todas elas um crespão, e da sede insaciável que te faz querer beber até a água com que se regam as roseiras que pretendem, ilusas elas, adornar um panteão, desejando por outro que o mundo enteiro parasse, deixasse cada quem a sua obriga e virassem a quem sofrer sequer os olhos mudos para essa dor se sentir acompanhada, a mesma que se enrugava ao tempo que eu estirar o invólucro floral que envolvia o meu presente, hesitante de se desenhar com ele um farol chino ou usar o envés para cumprir com o prometido e te escrever um poema roubado, um plágio, uma cópia fraudulenta, uma má imitação da imagem de qualquer coisa que se parecer com o espelho da alma de quem se atrever a pedir pelos demais.
Obediente, o mundo foi vencido, embora tivesse tempo antes de ser render de me dar uma última leição, de me fazer recordar a sensação indescritivel de entender que a queda nunca é igual quando há mãos que te levantam e te oferecem o atrevimento necessário para lhe contar a Cristo que se enganava, que não erão pães e peixes mas algumas pessoas que tinham de ser multiplicadas.

Eu não juraria, mas acho isto estar muito cerca da empatia.

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