sábado, 28 de fevereiro de 2015




intentei te esquecer,

juro te-lo intentado
procurando com tal ânsia
devorar a tua aussência
que enchia a tua falta
entre os lençois de qualquer
que sempre me devolviam
a tua triste figura

e depois de tantas camas
vi todas serem a tua
qual folhas que leva o rio

conjugando te olvidar
sempre em tempo perdido


Aquele frio em Paris

París, aquele París dos meus sonhos
desfolhou-se em pleno maio
cerca do Quartier Latin
o meu Paris tão amado
esvaeceu-se em maldade
o dia em que te perdi
sem antes te haver achado
que frio ficou Paris....

e a falta de calendário
com um dedo humedecido
nas costas imaginárias pintei-te
um mapa de dias
e quisse-te como a nada
porque fazias por mim
tudo quanto eu sonhava

e a falta da tua mirada
em aussência da bondade
teus olhos são os espelhos 
onde mora a liberdade

quinta-feira, 26 de junho de 2014




Naquela noite esplêndida alumeada pela tormenta não havia qualquer necessidade de procurar o sol à média-noite não era obrigada a buscar mais razões para estar triste, porque para isso, como em tantas outras coisas, a todos nos sobram os motivos. E de pretender as causas, no mínimo, for qualquer argumento que valesse a pena ser defendido, qualquer mistério, como, por exemplo, teu nome.

domingo, 8 de junho de 2014




Éstá escuro?
É. Mais de nada serviria que te acendesse o valor.
É no amor que ainda hoje todas jogamos a cegas
e igual que se mide o frío pela ausência de calor
é que calculo o tempo pelas horas que me negas.

Curiosa tautologia.
Quanto mais cerca te tenho é quanto mais te acho em falta.
Será que estando ao teu lado é quando mais sinto frio
e se o frio me consome será que vai ser verdade a mentira mais lograda,
que tu sempre estás comigo.


Avanço no meu destino
desandando cada tramo das tuas ruas molhadas
cegadoras de tão brilhantes,
sem lugar para a desgraça
que antecede ao desamparo
prendida nas tuas asas
descansando de aguardar,
tras te olhar
em cada espelho
que só reflitem o medo
manifesto em te buscar.
Vingando-me do optimismo precisso para me erguer
resgato da tua existência novas razões para a fé,
quase identificando a essência com o ser,
e apenas ouço o meu nome de seres ti quem me chama.
Admirada do teu silêncio,  inqueri pelo motivo:
-Não me aches um doido,
e só que não decidi se te prefiro de pé ou te prefiro na cama.



Nada se me perdia a mim na distância dos teus olhos,
nem um pouco mais arriba da altura dos teus joelhos.
E muito menos ainda  em te meter nos meus sonhos.
Mas fui em tudo isso em que não se me perdia nada
onde foi que o decidi
para me procurar mais tarde, em cada parte de ti.


Entravas como ar fresco.
Tanto faz onde,
en qualquer sitio que for
entravas, e entrava o sol
que fazia fugir muitos dos meus prejuiços,
e dos dos outros,  já de passo.
Trazias-me
a vontade de espiar sob o meu estudado anonimato
a tua perfeita anatomia,
meu rosto apenas uma máscara assomando ao vazio
dos teus muros protegidos, ao infinito
que formavam as tuas costas sempre de frente a mim,
e os ciumes do autor que te criara
poque mentres te mirava foi que por fim
acreditei em eu nunca ser capaz de escrever
qualquer coisa tão formosa, qualquer verso que puidera, 
sequer
se comparar com a tua cara a contraluz
ou com a inocencia conservada
em cada um dos aneis dos teus vinte e cinco anos,
vulnerável
como para abanar com o silvo escolhido para te chamar
como as ardentes folerpas que atrapava em cada dedo
para te dar a beber como a um passarinho e te saciar
a sede criada pelas fevres da travessia naquel deserto
indescifrável
todo ele cheio de tentações
nas que caias após o meu empurrão certeiro
capaz de nós lançar aos dois ao oasis encerrado na distância que morria
entre o teu ventre e o meu
no instânte em que abrir o dia.